A tributação é um dos aspectos mais críticos e complexos na gestão de uma startup.

No Brasil, as startups podem optar por diferentes regimes tributários, cada um com suas especificidades e implicações fiscais. Os principais regimes são: Simples Nacional, Lucro Presumido e Lucro Real.

O Simples Nacional é um regime tributário simplificado destinado a micro e pequenas empresas. Ele unifica a cobrança de diversos tributos em uma única guia de pagamento, facilitando a gestão fiscal. Entre os tributos incluídos estão IRPJ, CSLL, PIS/PASEP, COFINS, IPI, ICMS, ISS e CPP. As vantagens desse regime incluem alíquotas reduzidas, simplificação do processo de pagamento de tributos e menor burocracia. No entanto, há um limite de faturamento anual de R$ 4,8 milhões, e empresas que ultrapassam esse limite devem migrar para outro regime tributário.

O Lucro Presumido é um regime onde a base de cálculo do imposto é presumida com base na receita bruta da empresa. É uma opção intermediária entre o Simples Nacional e o Lucro Real. Os tributos incluídos são os mesmos do Simples Nacional. As vantagens incluem menor complexidade em relação ao Lucro Real e alíquotas fixas para a presunção do lucro. No entanto, pode não ser vantajoso para empresas com margens de lucro menores do que as presumidas pelo governo.

O Lucro Real é o regime mais complexo, onde o imposto é calculado com base no lucro líquido efetivamente apurado pela empresa. É obrigatório para empresas com faturamento anual superior a R$ 78 milhões. Os tributos incluídos são os mesmos dos outros regimes. As vantagens incluem a possibilidade de dedução de despesas operacionais e maior precisão no cálculo dos tributos. No entanto, há maior complexidade e necessidade de uma contabilidade rigorosa.

Independentemente do regime tributário escolhido, as startups devem cumprir uma série de obrigações fiscais para garantir a conformidade com a legislação. A emissão de notas fiscais é obrigatória para todas as transações comerciais realizadas pela startup. As notas fiscais podem ser eletrônicas (NF-e) ou de serviço (NFS-e), dependendo da natureza da atividade da empresa. As notas fiscais são essenciais para o controle fiscal e contábil, além de serem exigidas para a dedução de despesas e comprovação de receitas.

Já a escrituração contábil é o registro sistemático de todas as operações financeiras da empresa. Dependendo do regime tributário, a complexidade da escrituração pode variar. No Simples Nacional, a escrituração é simplificada, com a necessidade de manter o Livro Caixa e o Livro de Registro de Inventário. No Lucro Presumido e Lucro Real, a escrituração é completa, incluindo o Livro Diário, Livro Razão, Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), entre outros.

As startups devem apresentar diversas declarações fiscais ao longo do ano, conforme o regime tributário adotado. As principais declarações incluem a Declaração Anual do Simples Nacional para o Microempreendedor Individual (DASN-SIMEI), a Declaração de Débitos e Créditos Tributários Federais (DCTF), a Escrituração Contábil Digital (ECD), obrigatória para empresas no Lucro Real, e a Escrituração Contábil Fiscal (ECF), também obrigatória para empresas no Lucro Real. O pagamento dos tributos deve ser realizado dentro dos prazos estabelecidos pela legislação. A falta de pagamento ou o pagamento em atraso pode resultar em multas e juros. No Simples Nacional, o pagamento é unificado através do Documento de Arrecadação do Simples Nacional (DAS). No Lucro Presumido e Lucro Real, o pagamento é individualizado de cada tributo, conforme as guias específicas.

O planejamento tributário é uma ferramenta essencial para a gestão eficiente dos tributos e a maximização dos lucros da startup. Ele envolve a análise detalhada das operações da empresa e a escolha do regime tributário mais vantajoso. Os benefícios do planejamento tributário incluem a redução da carga tributária, a melhoria da gestão financeira e a conformidade legal. As estratégias de planejamento tributário incluem a escolha do regime tributário, a identificação e utilização de incentivos fiscais oferecidos pelo governo, como o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (PADIS), e a revisão periódica das despesas operacionais para identificar oportunidades de dedução e otimização.

Recentemente, a reforma tributária tem sido um tema de grande relevância para as startups. As mudanças propostas visam simplificar o sistema tributário e reduzir a carga tributária sobre as empresas. Entre as principais mudanças estão a unificação de tributos, a criação de um imposto sobre valor agregado (IVA) e a redução de alíquotas. Essas mudanças podem impactar significativamente as startups, tornando o sistema tributário mais simples e previsível. No entanto, é importante que os empresários estejam atentos às mudanças e se preparem para as novas exigências.

A tributação é um aspecto fundamental na gestão de uma startup e pode impactar significativamente sua sustentabilidade e crescimento. Jovens empresários devem estar atentos às diferentes opções de regimes tributários e suas implicações, além de cumprir rigorosamente todas as obrigações fiscais. O planejamento tributário é uma ferramenta poderosa para otimizar a carga tributária e garantir a conformidade legal da empresa. Se você é um jovem empresário iniciando uma startup, considere consultar um profissional especializado em tributação para garantir que sua empresa esteja bem estruturada e preparada para crescer de forma sustentável.

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